quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Em defesa do Muro de Berlim

Roberto Pompeu de Toledo

"Sem sua derrubada, onde as cores, onde o movimento,
onde a emoção de que carecem os grandes eventos da
história - o assassinato de César, a queda da Bastilha?"

Que bom que o Muro de Berlim foi construído. Se não tivesse sido construído, não teria sido destruído. E, se não tivesse sido destruí-do, como assinalar no curso da história, da maneira vistosa e dramática que merece, esse evento capital que foi o desmoronamento do mundo comunista? Com que cenário? Com que povo? Com que artefato, concreto como um muro, contra o qual investir? Ainda bem que existem os eventos simbólicos a marcar a marcha da história. Sem eles, estaríamos condenados aos "processos", essas fluidas cadeias de circunstâncias políticas, relações sociais, estados psicológicos, oscilações econômicas, percepções e acidentes que, temperadas por inevitáveis doses de acaso, conduzem a corrente da história, de forma frequentemente misteriosa, para este ou aquele leito. Atos como a derrubada do muro que dividia a antiga capital do Reich dão visibilidade à história. Servem de farol contra a falta de rosto, de cor e de volume dos "processos".

A derrubada do Muro de Berlim é evento da mesma natureza da queda da Bastilha. Claro que não foi a investida contra a mal-afamada fortaleza da Rua Saint-Antoine, em Paris, ainda mais que àquela altura já andava meio desativada, como prisão, e não continha senão sete escassos prisioneiros, que determinou a Revolução Francesa. Mas, sem o episódio da Bastilha, como dar corpo e - de fundamental importância - como dar uma data ao conjunto de transformações ocorrido naquele período da vida francesa? A própria história brasileira contém um exemplo similar - o "independência ou morte" das margens do Ipiranga. O evento salvou o advento da independência do destino de, submerso num mar de "processos", apresentar-se sem corpo e sem data. Os atos simbólicos têm o efeito de agarrar o tempo e forçá-lo a uma parada, majestosa e densa como uma escultura. Eles dão inteligibilidade à história da mesma forma como a sucessão das estações dá inteligibilidade ao ano.

A queda do Muro de Berlim, no dia 9 de novembro de 1989, permitiu que, na semana passada, houvesse uma festa na capital alemã e comemorações pelo mundo afora, pelos vinte anos da data. Sem ela, como comemorar a derrocada do império soviético e as tiranias do Leste Europeu? Uns indicariam as greves conduzidas na Polônia pelo movimento Solidariedade de Lech Walesa. Outros se inclinariam para as manifestações que compuseram a "Revolução de Veludo" da Checoslováquia. Mas qual das greves e qual das manifestações, se foram várias? Mais seguro seria apontar para o dia da ascensão de Mikhail Gorbachev à secretaria-geral do Partido Comunista - 11 de março de 1985. Mas, se foi possível a Gorbachev ascender ao mais alto cargo da hierarquia soviética, e junto com ele o impulso reformista que fermentava no interior do regime, é porque algum tipo de fissura já minava a carapaça do poder comunista.

E minava mesmo. A União Soviética já não tinha fôlego para sustentar a corrida armamentista imposta pela concorrência com os Estados Unidos. Além disso, via-se num atoleiro sem saída em seu envolvimento militar contra os talibãs do Afeganistão. Além disso, já ficara irremediavelmente para trás do Ocidente nas conquistas tecnológicas. Além disso, seu sistema econômico mostrava-se pateticamente incompetente no provimento dos bens de consumo de que carecia a população. Pronto. Estamos no emaranhado de fios que tecem os "processos", e tantos fios acharemos quanto mais nos detivermos a procurá-los. O historiador inglês Timothy Garton Ash lembrou a "lei da cornucópia infinita", formulada por outro historiador, o polonês Leszek Kolakowski. Para qualquer evento, segundo a lei de Kolakowski, é possível encontrar um número infinito de explicações.

Onde, se nos atemos aos processos, a cenografia, onde as cores, onde o movimento, onde a emoção de que carecem os grandes eventos da história - o assassinato de César, o martírio de Joana d’Arc, a batalha de Waterloo? Precisamos de teatro, esta é que é a verdade, como de ar para respirar. Dai-nos uma cena e com ela marcaremos o tempo, de forma a tirá-lo da uniformidade sem graça e sem sentido de seu fluxo contínuo. No campo das miudezas cotidianas, o momento do "parabéns a você" é o teatro que assinala a passagem de mais um ano de vida. No campo das grandiosidades históricas, o muro forneceu o cenário, e as pessoas que trepavam em cima dele, dançavam e lhe arrancavam pedaços, num misto de levante e festa popular, compuseram a dramaturgia de que carecia um evento do porte da queda da fortaleza comunista.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Com que roupa ...

...eu vou, pro samba que você me convidou?

Interessante a história desse sambinha, de Noel Rosa. A mãe dele escondeu todas as suas roupas para que ele não saísse de casa num Sábado a noite, já que era muito boêmio e sua saúde não ia muito bem (veio a morrer com apenas 26 anos, de tuberculose). Mal sabia ela que esse ato daria origem a uma música que viria a ser seu primeiro grande sucesso.

http://rapidshare.com/files/270776692/Noel_www.rsmp3.com_.rar.html

Esse foi um dos shows que vi no fds (com o neto de Cartola, cantando musicas dele e de Noel). O outro foi em SP, na sexta-feira, e chamava-se MPBLACK, com Negra Li, dentre outros. Muito bom! Assim que tiver algum outro show dela, procurarei ir!

[]'s Até mais

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Será que chove?

Na lista de conversas de elevador, a condição climática - qualquer que seja ela - ocupa o primeiro lugar disparado. Em segundo, aposto no "Como passou rápido o ano, não?". E não é que agora eu realmente quero dizer isso? Passou rápido mesmo. Para mim, acaba no final desse mês, ou seja, daqui cerca de 15 dias. Férias marcadas, dessa vez vou dar uma volta por Argentina, Chile e Peru. Saio dia 04 e volto dia 30.

Um ano sem muitas mudanças, que aparentemente não vai deixar muitas saudades. Espero me desligar um pouco de mundo durante a viagem e pensar em 2010. Uma viagem sempre recarrega as energias (além de ser uma excelente momento para deixar o celular bem desligado).

Nesse final de semana passado, mais um rodeio: Cerquilho. Parece praça de alimentação de shopping: tudo igual =) só muda o endereço. Foi bacana, e muito estressante, como mostra a foto abaixo:



Mudando de assunto, estava eu a procurar um documentário sobre o McNamara, ex-secretário de defesa dos EUA (que inclusive morreu esse ano), quando cheguei ao seguinte site: http://freedocumentaries.org. Muito bom, tem milhares de documentários, vale a pena!

O documentário que eu procurava é o "The Fog of War" http://bit.ly/U8cIe (Sob a Névoa da Guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNamara).


Recomendadíssimo. O assisti no passado, durante umas aulas de Relações Internacionais. Um dos pontos mais interessantes é quando ele fala sobre a crise com Cuba (http://bit.ly/COcc2). Ele conta os bastidores de momentos delicados por que passou enquanto secretário de defesa, e deles tira suas 11 lições. São os relatos de um homem que influenciou em muito a ordem atual das coisas, e que poderia tê-la alterado drasticamente caso tivesse tomado outras decisões.

Pulando de lições para conselhos, já mandei um tweet sobre essa matéria, mas vai ela novamente: O melhor conselho que recebi http://bit.ly/1WABYK

Té mais!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Navegar é preciso

Estava comentando sobre GPS, navios, a viagem do Shacketon (tema do post anterior), etc, e me lembrei também de uma matéria interessante que havia visto há algumas semanas atrás. Pela primeira vez um navio cargueiro fez a rota Europa-Ásia passando pelo Ártico (ou seja, contornando o norte da Russia), o que representa uma diminuição de 26% no trajeto (http://bit.ly/y2eol). Se era melhor, então porque ninguem utilizava essa rota? Simplesmente porque o gelo fazia com que essas águas não fossem navegáveis, a não ser usando navios quebra-gelo, em viagens curtas. Com o aquecimento global e o derretimento do gelo, agora navios cargueiros também conseguem navegar, "inaugurando" a nova rota. É um bom exemplo das mudanças climáticas - não que eu seja catastrófico, muito pelo contrário.

Ainda sobre navios, vou comentar sobre o dia em que conheci o USS Midway, um porta aviões norte-americano que agora virou museu. Mas antes .....

Canal Livre sobre Segurança

.... Antes que eu deixe passar, gostaria de indicar um Canal Livre exibido há uma semana atrás, sobre Segurança Publica (tendo em vista os ultimos acontecimentos no Rio de Janeiro). Participaram do programa o Secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, e Paulo Storani, ex-subcomandante do BOPE. Achei muito interessante, principalmente pelas falas do Secretário, que coloca vários dados interessantes, muitos dos quais eu não sabia (o capitão do BOPE só fala obviedades). Vão ai os links.

http://maisband.band.com.br/v_39149_onda_de_violencia_no_rj_e_o_tema_do_canal_livre__parte_1.htm
http://maisband.band.com.br/v_39150_onda_de_violencia_no_rj_e_o_tema_do_canal_livre__parte_2.htm
http://maisband.band.com.br/v_39151_onda_de_violencia_no_rj_e_o_tema_do_canal_livre__parte_3.htm
http://maisband.band.com.br/v_39152_onda_de_violencia_no_rj_e_o_tema_do_canal_livre__parte_4.htm
http://maisband.band.com.br/v_39153_onda_de_violencia_no_rj_e_o_tema_do_canal_livre__parte_5.htm
http://maisband.band.com.br/v_39155_onda_de_violencia_no_rj_e_o_tema_do_canal_livre__parte_6.htm


ps: Legal ver tudo, claro, mas vão ai uma dicas de partes em que o Secretário fala (existem mais, mas isolei algumas delas):
parte 1 - a partir dos 05:00
parte 2 - a partir dos 05:00
parte 5 / 6



USS Midway

Como está rolando um concurso de fotografias onde trabalho, estava dando uma olhada em algumas fotos e, dentre elas, algumas do USS Midway.

O USS Midway é um porta-aviões que entrou em funcionamento em 1945 [mas não, ele não participou da segunda guerra =)]. Serviu na Guerra do Vietnã e outras missões, abatendo o primeiro e o último avião norte-vietnamita destruido pelos EUA. Ele foi retirado de serviço em 17 de março de 1997 e levado à Baía de San Diego-Califórnia, onde foi transformado em um museu flutuante.

O passeio é muito legal, algo indispensável para quem visita San Diego.

O CVB-41, ou USS Midway, era o líder da classe Midway. À mesma classe pertenciam também o Franklin D. Roosevelt e o Coral Sea, dois outros porta-aviões. (como podemos ver aqui http://bit.ly/M0wu8, cada porta-avião norte americano pertence a uma classe, e para cada classe há um líder, que ganha o nome da classe).

Em seus 47 anos de serviço, cerca de 225.000 homens serviram no navio. E muitos ainda continuam a servir, dessa vez voluntariamente, acompanhando os turistas nas visitas ao hoje mudeu Midway.

Interessante notar que a classe Midway foi a última a ter a pista de pousos/decolagens centralizada, em linha reta (ou, em outras palavras, um "straight-deck"). O USS Midway passou por uma reforma em que a pista foi então modificada, passando a ser transversal, assim como nos porta-aviões atuais.

Antes de ver algumas fotos do Midway, comecemos com uma do "Veterans Museum and Memorial Center", que como a placa em frente a ele diz é "Dedicated to the defenders of the freedom everywhere and in all generations" - wow. Esse museu fica no Balboa Park, ou seja, em outro lugar, já que o Midway fica na Baía de San Diego.



Aqui vemos fotos do Midway antigamente e hoje em dia, ancorado na Baía de San Diego:







Na ordem:
1) A pequena corrente que segura a âncora
2) Um dos inúmeros dormitórios, para os "peões" do navio - as acomodações dos comandantes são MTO diferentes =)
3) Não é tão facil andar em alguns locais, são portas e mais portas, isolando cada área
4) Uma parte do hospital. Legal que existem bonecos - muito fiéis, por sinal - em cada área do navio









A pista de pousos/decolagens e algumas das aeronaves expostas (sim, nessa hora a bateria da minha câmera acabou, senão teriam muitas mais fotos, turista japonês que sou - embora essas fotos do post já sejam bem selecionadas):












Por fim, uma foto da vista da Baía de San Diego estando em cima do USS Midway, e do "calçadão" em frente ao local em que o Midway se encontra, e que se extende por boa parte do entorno da baía de San Diego:





Mais informações em http://en.wikipedia.org/wiki/USS_Midway_%28CV-41%29 ou http://www.midway.org (site do museu)

Até mais!